O mês de setembro marca uma das campanhas de maior relevância para a saúde pública no Brasil: o Setembro Amarelo
O mês de setembro marca uma das campanhas de maior relevância para a saúde pública no Brasil: o Setembro Amarelo, voltado à prevenção ao suicídio. Criada em 2013 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a mobilização tornou-se referência nacional e hoje é considerada a maior ação antiestigma do mundo.
Embora o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio seja lembrado em 10 de setembro, a campanha se estende por todo o ano, reforçando a importância do diálogo e da conscientização. Em 2025, o lema escolhido é: “Se precisar, peça ajuda!”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, mas esse número pode ultrapassar 1 milhão quando considerados os casos subnotificados.
No Brasil, a média é de quase 14 mil registros anuais, o que equivale a 38 mortes por dia. Enquanto o cenário global mostra uma ligeira redução, os países das Américas seguem em tendência de crescimento. Segundo a OMS, a grande maioria dos casos está relacionada a transtornos mentais não diagnosticados ou tratados de forma inadequada, evidenciando que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com apoio médico e acesso à informação de qualidade.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento gratuito pela Rede de Atenção Psicossocial, por meio das Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e do SAMU (192) em situações de emergência.
Outra ferramenta essencial é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional voluntário, sigiloso e gratuito 24 horas por dia. O contato pode ser feito pelo telefone 188 ou pelo chat disponível no site cvv.org.br/chat.
Especialistas reforçam que falar sobre suicídio é fundamental para quebrar o estigma que ainda cerca o tema.
Frases como “não aguento mais viver” ou mudanças bruscas de comportamento devem ser interpretadas como sinais de alerta.
Transtornos como depressão, bipolaridade, esquizofrenia e dependência química estão entre os principais fatores de risco, mas situações externas como crises financeiras, violência, perdas afetivas ou discriminação também podem desencadear vulnerabilidades.
Nesse contexto, familiares e amigos têm papel essencial: escutar sem julgamentos, demonstrar apoio e encaminhar a pessoa para acompanhamento profissional são atitudes que podem salvar vidas.
Os números entre os mais jovens chamam a atenção. Entre 15 e 29 anos, o suicídio já aparece como a quarta principal causa de morte no mundo. No Brasil, dados da Secretaria de Vigilância em Saúde mostram que, entre 2016 e 2021, houve aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos e de 45% entre 10 e 14 anos.
As estatísticas também revelam diferenças entre gêneros: no país, a taxa é de 12,6 mortes por 100 mil homens contra 5,4 por 100 mil mulheres.
Mais do que uma campanha de um mês, o Setembro Amarelo reforça a necessidade de a sociedade olhar para a saúde mental com seriedade. O suicídio não deve ser tratado como um tabu, mas como um problema de saúde pública que exige informação, prevenção e, acima de tudo, empatia.